No último
dia 15 de fevereiro, semana de carnaval, nos reunimos para conversar
e direcionar a feitura do nosso “Enquadro”. Este projeto,
realizado há alguns anos pela casadalapa,
é definido como uma “crônica ilustrada dos bairros de São Paulo”
e tem como objetivo “retratar coletivamente o convívio dos
moradores da cidade, o entorno de seus lares ou ambientes de
trabalho”. Este princípio norteou nosso encontro e dialoga com o
fato de estarmos ensaiando e convivendo no “Condomínio Cultural”,
localizado na Vila Anglo Brasileira, zona oeste da cidade.
O prédio do “Condomínio Cultural Mundo Novo”, que hoje é
totalmente dedicado ao intercâmbio entre artistas, o desenvolvimento
de suas ideias e realizações, foi construído em 1935 e na época
abrigava o Grupo Escolar Vila Anglo Brasileira, que após reforma no
ano de 1950 passou a dar espaço ao Hospital e Maternidade São
Marcos. Já na década de 1970, tendo como especialidade a
geriatria, a antiga maternidade passou então a ser chamada de
Hospital Vila Anglo Brasileira.
Nada mais propício às narrativas do que um lugar que contém em
sua história os ciclos de vida e morte, os princípios e os fins.
Qual a relação dos moradores da Vila Anglo com aquele prédio?
Quais histórias aquelas ruas contam? Que camadas do tempo se guardam
no que vemos hoje?
O próximo passo é encontrar as pessoas. Em meio às pesquisas de
materiais: documentos; fotografias; objetos, vamos de encontro ao
que os moradores da vila contam sobre o que viveram e sonharam em
tempos passados. O homem comum é a busca deste Coletivo Negro e
sabemos que não buscamos sinais apenas na paisagem externa, no que
vemos; mas também na paisagem interna, que vivemos. Sendo assim, nos
perguntamos: o que estas narrativas revelam sobre as nossas próprias
experiências?
Raphael Garcia/ Coletivo Negro.
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